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Povos Indígenas: como estão lidando com a pandemia

A crise sanitária e social provocada pelo aparecimento de casos de coronavírus na Argentina, a quarentena e as medidas de prevenção implementadas pelos Estados nacional e provinciais, em que situação deixaram as 36 comunidades de povos autóctones que vivem em todo o território do nosso país?

Até fevereiro - antes da chegada da pandemia ao país - as pessoas do norte da Argentina estavam na agenda dos grandes meios de comunicação social devido à morte de crianças por causa de desnutrição e as más condições de vida a que têm sido historicamente sujeitas.

Embora muitos dos que se consideram descendentes diretos de povos indígenas vivam em centros urbanos, em todo o território existem comunidades distantes dos grandes centros urbanos, sem acesso à água potável, e em terras que lhes foram dadas após processos de colonização que tiveram características diferentes em cada uma das províncias da Argentina.

 

 

 

Para aprofundar a questão, a RAE-Argentina ao Mundo conversou com Mirta Caupan, membro do Movimento de Mulheres Indígenas pela Boa Vida, que salientou que esta pandemia apenas acentua as condições extremas de vida de muitas das comunidades, sem acesso a água, alimentos ou um sistema de saúde que as torne visíveis como uma parte central da vida destes territórios.
Este é um fragmento da entrevista com Mirta Caupán em espanhol

///Lamentavelmente, a situação das populações nativas, não tanto nas cidades, mas sim nas áreas rurais, é que a maioria das comunidades tem dificuldades no acesso à água e vivem uma situação precária no que diz respeito ao território em que habitam, pois estão sendo cada vez mais desapropriados (pela expansão da fronteira agrícola). Esta crise (a do coronavírus) apenas acentua o genocídio, ao mesmo tempo em que, de diferentes comunidades, recebemos queixas de que os alimentos não podem entrar nas cidades vizinhas. Ou seja, os povos indígenas estão sofrendo de formas diferentes esta crise, que se acumula à situação que já vem sofrendo há tempo.

Além disso, Mirta Caupan salientou que não estavam previstas ações a nível nacional e provincial para divulgar informações de prevenção em torno das particularidades das comunidades, em muitos casos em zonas rurais, com adultos que não falam espanhol e onde o acesso à saúde é limitado ou inexistente.
Neste contexto, houve iniciativas para implementar campanhas de prevenção dispersas especialmente idealizadas para a população rural, adultos e idosos que não falam espanhol fluentemente. Estas campanhas foram realizadas através do Facebook e através do trabalho em rede de organizações sociais como a Rede de Comunidades Rurais, o CUI (Centro de Línguas da Universidade de Buenos Aires) e pesquisadores do Instituto de Ciências Antropológicas da Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Buenos Aires.
Segundo o pesquisador Sebastián Valverde, em declarações à imprensa, esta é "uma contribuição neste contexto que pode ser utilizada por um professor que trabalha nas comunidades, pessoal de saúde ou pessoas das mesmas comunidades que têm acesso à Internet, para que possam contar com uma ferramenta para informar".
Os cartazes foram feitos nas línguas mapudungun, pilagá, qom e guarani. Contudo, é necessário levar em conta que existe uma elevada taxa da população rural, originária de toda a Argentina, que tem uma capacidade de leitura limitada ou que é analfabeta.

Tradução e locução: Julieta Galván
Entrevista e produção em espanhol: Silvana Avellaneda
Web: Julián Cortez

Poster 1- Na língua mapudungun, povo mapuche, Patagônia da Argentina


Poster 2- Em guarani, povo guarani mbyá, nordeste da Argentina


Poster 3- Na língua qom, povo qom, norte da Argentina


Poster 4- Na língua pilagá, povo pilagá, norte da Argentina