Profunda tristeza pela sua morte RAE ARGENTINA AO MUNDO

Noemí Labrune, ativista histórica dos direitos humanos

A fundadora da Assembleia de Direitos Humanos (APDH) de Neuquén, Noemí Labrune, morreu no domingo, aos 93 anos, em uma clínica na capital dessa província localizada no sul do país, Patagônia argentina.

 

Noemí Labrune, que foi um exemplo de compromisso, amor e trabalho pelos direitos humanos, foi e sempre será um símbolo de luta, democracia, memória, verdade e justiça. Um exemplo de tenacidade e militância incansável, disse Beatriz Gentile, reitora da Universidade Nacional del Comahue, instituição que lhe concedeu a distinção de Doutora Honoris. Assumimos o compromisso de cuidar e manter viva sua obra, seu exemplo de vida. Sempre em nossos corações", disse a reitora.

 

Noemí Fiorito de Labrune nasceu em 1930 na cidade de Buenos Aires. Ela estudou filosofia na Universidade de Buenos Aires e fez doutorado na Universidade de Paris. Durante a ditadura de Juan Carlos Onganía, ela foi uma dos milhares de professores e pesquisadores da UBA que se demitiram após a "Noite dos Bastões Longos", um episódio de repressão e intervenção nas universidades, ocorrido em 1966.

 

Em 1972, junto com seu companheiro, Cristian Labrune, e sua filha, chegaram à província de Río Negro, onde morou por mais de 50 anos, e onde ela começou a se tornar um ponto de referência na luta pelos direitos humanos na região.

 

Em 1976, e juntamente com o bispo da província de Neuquén, Jaime De Nevares, Noemí Labrune fundou a APDH.

 

O Sindicato da Imprensa de Neuquén emitiu uma declaração na qual descreveu Noemí como uma "referência histórica e fundamental na busca pela memória, verdade e justiça". "Uma pessoa que nunca desistiu de seus objetivos, que nunca foram individuais, mas coletivos; uma pessoa que salvaguardou a memória recente, que lutou para promover julgamentos por crimes contra a humanidade, que buscou provas, testemunhos, histórias; que acompanhou cada uma das vítimas do terrorismo de Estado e que sempre teve uma visão crítica do presente", disse a declaração.

 

"Continuará viva a sua incansável defesa de todos os direitos para todos", disse a APDH, sobre quem foi uma peça fundamental para o julgamento dos responsáveis pelos crimes da última ditadura nessa região do país e para a recuperação da verdade e a construção da memória.

 

Na sequência, escutamos a própria Noemí Labrune numa entrevista por ocasião da entrega do título Doutora Honoris Causa.