O Paraguai e a Argentina entraram em um conflito diplomático sem previsão de retorno: apenas 24 horas depois que o governo de Alberto Fernández iniciou as negociações com o governo de Santiago Peña, o governo paraguaio começou a retirar unilateralmente toda a energia produzida pela usina hidrelétrica de Yacyretá. Dessa forma, a participação de Yacyretá no abastecimento nacional aumentou e a energia cedida à Argentina diminuiu.

Construída no curso superior do rio Paraná, ela se estende entre os departamentos de Ituzaingó, na província de Corrientes, na Argentina, e o departamento de Misiones, no Paraguai.

O projeto e a construção da represa foram constantemente criticados, tanto pelas consequências ecológicas quanto econômicas.

O governo paraguaio disse ao jornal argentino El Cronista que a medida "responde a uma decisão política e estratégica, seguindo indicações do poder executivo". Essa é mais uma escalada no conflito diplomático que começou com a cobrança de pedágios pela Gendarmaria às barcaças paraguaias na hidrovia Hidrovía e agora, em resposta, o corte do fornecimento de energia elétrica de Yacyretá.

A decisão do Paraguai de retirar 100% da energia de Yacyretá impôs um novo nível de tensão nas relações bilaterais. Até agora, Assunção havia aumentado a retirada de energia da Entidade Binacional Yacyretá apenas nos horários de pico e a participação variava entre 75% e 90%. A partir desta segunda-feira (18/09), a retirada será de 100% para o abastecimento local.

Essa medida foi tomada para garantir a receita do Paraguai com a usina hidrelétrica compartilhada com a Argentina, em decorrência da "dívida histórica" reclamada por Assunção para a construção da barragem. Mas a Argentina não reconhece essa dívida e aponta que o conflito se deve aos impostos que os navios de carga paraguaios têm de pagar em território argentino.

Na sequência, acompanhe a explicação do conflito na voz do jornalista Raúl de la Torre, da TV Pública argentina.